A relevância das idéias gonsethianas pode ser ressaltada pela cumplicidade epistemológica que uniu Gonseth e Gaston Bachelard, levando-os a fundar a Revista Dialectica, que se impôs na Europa dos anos 1950 como um estandarte na defesa da idéia de razão dialogada e inconstante, uma razão que não se ancora, ao longo de seu desenvolvimento, em princípios absolutos e definitivos.

O livro de Marly Bulcão, prefaciado por Eric Emery, o mais importante estudioso suíço de Gonseth, é cuidadoso, primorosamente organizado, apresentando a dupla dimensão epistemológica e estética do filósofo.

Crítico do positivismo lógico, do Círculo de Viena, apresenta, em sua obra, uma concepção de ciência e da filosofia que leva em conta as múltiplas dimensões do homem no seu processo de conhecimento. O idoneísmo de Gonseth nos faz rememorar a felicidade da descoberta, o prazer de criar e investigar, que caracterizam a verdadeira vida da pesquisa em qualquer campo do saber.

As implicações éticas da busca do saber rigoroso, a compreensão da racionalidade como um instrumento do desabrochar de uma vida plenamente humana, estão presentes em Gonseth. São o sinal de um novo momento na história do conhecimento: indicam o advento de uma concepção de razão mais complexa e rica e mais humanizante – verdadeiro alvorecer de um novo tempo.”